Setembro Verde Mitos e Verdades sobre Doação de Medula Óssea

Setembro Verde: Mitos e Verdades sobre a Doação de Medula Óssea

Setembro é um mês que simboliza a renovação da vida para milhares de pessoas que aguardam por transplantes no Brasil. Conhecido como Setembro Verde, este período é marcado por campanhas de conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. A campanha Doe de Coração, promovida pela Fundação Edson Queiroz em parceria com o Hemoce, reforça essa mensagem, especialmente nesta 23ª edição, com foco na doação de medula óssea.

A doação de medula óssea é um gesto que pode mudar o destino de muitos pacientes que necessitam de transplantes. Muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o processo e a segurança envolvida, por isso é fundamental esclarecer alguns pontos. A médica onco-hematologista Paola Tôrres Costa explica que “muitas pessoas só têm chance de sobreviver se encontrarem um doador compatível. A medula do doador se regenera, ou seja, ele não perde nada de forma permanente. Já para o paciente, pode significar a única chance de cura.” Um simples gesto pode ter um impacto profundo na vida de outra pessoa.

O que é a Medula Óssea e Sua Importância

A medula óssea é um tecido esponjoso localizado dentro dos ossos, principalmente no quadril, esterno e costelas. Ela é responsável pela produção dos componentes sanguíneos essenciais: glóbulos vermelhos, que transportam oxigênio; glóbulos brancos, que defendem o corpo contra infecções; e plaquetas, que auxiliam na coagulação sanguínea.

Quando a medula não funciona corretamente, pode surgir a necessidade de um transplante. Condições como leucemias, linfomas e anemias hereditárias podem exigir essa intervenção. O transplante de medula óssea substitui a medula doente por uma saudável, permitindo a regeneração de células sanguíneas essenciais. Isso não só melhora a qualidade de vida do paciente, mas também pode ser a única forma de cura para muitas doenças.

Quem Pode Doar e Como Funciona o Processo?

No Ceará, o Hemoce é responsável pelo cadastro de doadores de medula óssea. Para se tornar um doador, é necessário atender a alguns critérios: ter entre 18 e 35 anos, nunca ter tido câncer, e apresentar um documento oficial com foto em uma das unidades do Hemoce. Após o cadastro, é realizada a coleta de 5 ml de sangue para a tipagem genética, e o resultado é enviado ao Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

Se um paciente compatível for encontrado, o doador é contatado para um processo chamado work-up, que inclui consultas médicas e exames para garantir a segurança do procedimento. A coleta da medula pode ser feita de duas maneiras:

  • Aférese: Um procedimento em que, após o uso de medicamentos que estimulam a produção de células-tronco, estas são coletadas da corrente sanguínea, de forma semelhante à doação de plaquetas.
  • Punção no osso do quadril: Realizada em ambiente cirúrgico sob anestesia, onde parte da medula é aspirada diretamente do osso.

Ambos os procedimentos são seguros, e o organismo do doador se recupera rapidamente, geralmente em poucos dias, com efeitos colaterais limitados a cansaço ou dor leve.

Mitos e Verdades sobre a Doação de Medula Óssea

A desinformação é um dos maiores obstáculos à ampliação do cadastro de doadores. Entre os equívocos comuns, está a confusão entre medula óssea e medula espinhal, além do medo de que o processo seja perigoso ou cause sequelas permanentes. Na realidade, a compatibilidade genética necessária para o transplante é bastante rara, com apenas um doador compatível a cada 100 mil pessoas.

Segundo Paola Tôrres, os riscos para quem decide doar são mínimos. “Quando a sociedade entende que doar medula é simples, seguro e pode salvar vidas, o número de voluntários aumenta. Isso, por sua vez, aumenta as chances de encontrar doadores compatíveis para quem precisa.” A conscientização sobre a importância da medula óssea é relativamente nova, tendo começado a ser discutida mais amplamente no século XX.

O Papel das Campanhas na Conscientização

Campanhas como Setembro Verde e Doe de Coração têm um papel crucial na desmistificação da doação de órgãos e tecidos. Elas promovem a conscientização pública, incentivam diálogos familiares e realizam ações práticas, como unidades móveis de cadastro. No Ceará, já são mais de 240 mil pessoas cadastradas como potenciais doadoras de medula, e mais de 150 coletas bem-sucedidas já foram realizadas, graças à parceria com universidades e instituições da sociedade civil.

Durante a campanha Doe de Coração, que ocorrerá de 15 a 30 de setembro de 2025, o Hemoce estará presente no campus da Universidade de Fortaleza com uma unidade móvel para realizar cadastros e coletas. A diretora-geral do Hemoce, Luany Mesquita, reafirma a importância do evento: “O objetivo é ampliar o acesso, descomplicar o processo de doação de órgãos e tecidos e sensibilizar cada vez mais pessoas para esse ato de amor.”

Serviço: Campanha Doe de Coração

Data: 15 a 30 de setembro de 2025
Horário: 9h às 18h
Local: Estacionamento do bloco D, Campus da Universidade de Fortaleza
Endereço: Avenida Washington Soares, 1321 – Edson Queiroz


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