Toxoplasmose na Gravidez O Que Você Precisa Saber

Toxoplasmose na Gravidez: Sorologia, Riscos e Sintomas

A toxoplasmose é uma infecção provocada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que pode ser especialmente preocupante durante a gravidez. Quando uma gestante contrai a doença, o parasita pode atravessar a placenta e afetar o feto, levando a sérias complicações, como malformações, hidrocefalia, calcificações cerebrais e retinocoroidite.

O que é Toxoplasmose?

A toxoplasmose é uma infecção comum, porém muitas vezes desconhecida pela população, já que a maioria dos casos é assintomática. O Toxoplasma gondii é um parasita que pode ser encontrado em mamíferos e aves, mas é nos gatos que ele se reproduz. Os felinos são considerados os hospedeiros primários, pois somente eles conseguem eliminar os oocistos do parasita nas fezes, contaminando o ambiente.

Estima-se que cerca de um terço da população mundial já tenha sido exposta ao Toxoplasma gondii, com prevalência que varia globalmente. Em países desenvolvidos, como a França, até 40% da população pode ter anticorpos contra o parasita, enquanto nos Estados Unidos essa taxa é em torno de 11%.

A contaminação humana geralmente ocorre pela ingestão de oocistos presentes no solo, água ou alimentos contaminados. Para um entendimento mais profundo sobre a transmissão e os sintomas da toxoplasmose, é aconselhável consultar fontes que abordem o tema de forma detalhada.

Diagnóstico na Gravidez: IgM e IgG

No acompanhamento pré-natal, é comum que o obstetra solicite exames de sorologia para identificar infecções que possam afetar a gestante e o feto. As cinco principais infecções de interesse são:

  • Toxoplasmose
  • Sífilis
  • Rubéola
  • Citomegalovirose
  • Herpes Simples

O risco para o feto é mais elevado quando uma mãe sem anticorpos contra a toxoplasmose contrai a doença durante a gravidez. A sorologia para toxoplasmose é um exame que detecta a presença de anticorpos contra o Toxoplasma gondii. O organismo humano produz dois tipos principais de anticorpos: a IgM, que indica infecção recente, e a IgG, que indica infecção passada.

A IgM pode ser detectada entre 5 a 7 dias após a infecção, enquanto a IgG se torna predominante após aproximadamente 4 semanas. Portanto, uma gestante com IgM positivo e IgG negativo pode estar em risco de infecção recente, enquanto aquelas com IgG positivo não correm esse risco.

Toxoplasmose na Gravidez

É crucial destacar que mulheres que já apresentavam IgG positivo antes da gravidez não transmitem a toxoplasmose para o feto, pois o parasita permanece inativo em seus tecidos. No entanto, gestantes com IgG negativo devem ser cautelosas, pois a infecção pode ocorrer durante a gravidez.

Para reduzir o risco de contaminação, as gestantes devem:

  • Evitar o consumo de carnes mal cozidas, especialmente de porco.
  • Lavar bem frutas e vegetais antes de consumi-los.
  • Desinfetar utensílios que tenham tido contato com carne crua.
  • Congelar carnes por uma semana antes de consumi-las.
  • Evitar água não tratada.
  • Evitar jardinagem.
  • Minimizar o contato com gatos.

Grávidas e Gatos

Os gatos são responsáveis pela eliminação do Toxoplasma em suas fezes, mas isso não significa que a gestante deva se desfazer de seu animal de estimação. Algumas precauções podem ser tomadas:

  • Consultar um veterinário para verificar o estado de saúde do gato.
  • Pedir para outra pessoa cuidar da caixa de areia diariamente.
  • Alimentar o gato apenas com ração, evitando carne crua.
  • Manter o gato dentro de casa para evitar a contaminação.
  • Proteger a casa de insetos que possam transportar o parasita.

Com os devidos cuidados, a taxa de contaminação entre gestantes com IgG negativo é baixa, com menos de 0,8% das mulheres se infectando durante a gestação.

Toxoplasmose Congênita

A toxoplasmose congênita ocorre quando uma mãe com sorologia negativa entra em contato com o parasita durante a gravidez. O risco de transmissão aumenta com a idade gestacional no momento da infecção. A infecção adquirida na 13ª semana apresenta um risco de 15%, enquanto na 36ª semana esse risco pode chegar a 71%.

A maioria dos recém-nascidos afetados é assintomática ao nascimento, mas cerca de 30% apresentam sintomas, como coriorretinite e hidrocefalia. Aqueles que não mostram sintomas ao nascer têm um risco elevado de desenvolver complicações se não forem diagnosticados e tratados adequadamente.

Prevenção

Gestantes que contraem toxoplasmose durante a gravidez devem ser tratadas imediatamente. O tratamento com espiramicina é indicado quando não há evidência de infecção fetal. Se a infecção fetal for confirmada, a terapia recomendada inclui a combinação de pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico.

Além disso, os recém-nascidos que apresentarem sinais da doença devem ser tratados com pirimetamina e sulfadiazina por até 12 meses.

Referências

  • Toxoplasmosis and pregnancy – UpToDate.
  • Congenital toxoplasmosis: Clinical features and diagnosis – UpToDate.
  • Parasites – Toxoplasmosis (Toxoplasma infection) – Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
  • Toxoplasmose – Doenças infecciosas e parasitárias – Guia de bolso, 8a Edição revista – Ministério da Saúde.
  • Strategies to reduce transmission of Toxoplasma gondii to animals and humans – Veterinary parasitology.

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