Dismenorreia (Cólica Menstrual)
A dismenorreia é a dor pélvica cíclica que ocorre durante a menstruação, causada pelas contrações uterinas para eliminar o endométrio. Essa condição pode ser classificada em duas categorias: dismenorreia primária, que ocorre sem doenças associadas, e dismenorreia secundária, que está relacionada a condições como endometriose ou miomas.
Incidência da Cólica Menstrual
A cólica menstrual é uma das queixas ginecológicas mais comuns entre mulheres em idade reprodutiva. Estima-se que até 90% das adolescentes e cerca de 25% das mulheres adultas experimentem cólicas menstruais. As cólicas podem aparecer logo após a menarca, o que geralmente ocorre na adolescência, mas algumas meninas podem sentir dor desde os primeiros ciclos menstruais.
A prevalência da dismenorreia não mostra variações significativas entre diferentes grupos étnicos ou nacionalidades, mas a intensidade da dor tende a diminuir com a idade. Embora não represente um risco direto à saúde, a dismenorreia pode impactar a qualidade de vida, interferindo nas atividades diárias, estudos e relações sociais.
Dismenorreia Secundária
Diferentemente da dismenorreia primária, a dismenorreia secundária geralmente aparece em mulheres com mais de 20 ou 30 anos, após um período de menstruação sem dor significativa. Para ser classificada como dismenorreia secundária, é necessário que exista uma condição ginecológica que cause ou agrave a dor.
Entre as principais causas da dismenorreia secundária estão:
- Endometriose: Crescimento do tecido endometrial fora do útero, causando dor e, muitas vezes, infertilidade.
- Miomas uterinos: Tumores benignos que podem causar dor intensa e sangramento.
- Doença inflamatória pélvica: Infecção dos órgãos reprodutivos femininos, muitas vezes associada a infecções sexualmente transmissíveis.
- Estenose do canal cervical: Estreitamento do colo do útero que dificulta a saída do fluxo menstrual.
- Uso de DIU: Dispositivos intrauterinos, especialmente os de cobre, que podem agravar as cólicas menstruais em algumas mulheres.
Identificar a dismenorreia secundária é crucial, pois o tratamento deve abordar a causa subjacente. Cólicas que surgem de forma progressiva, especialmente após anos de menstruação sem dor, necessitam de avaliação médica detalhada.
Dismenorreia Primária
Focando na dismenorreia primária, essa condição é caracterizada por cólicas menstruais sem a presença de doenças ginecológicas identificáveis. Historicamente, as cólicas menstruais foram subestimadas, muitas vezes atribuídas a fatores emocionais. Entretanto, estudos demonstram que a dismenorreia primária possui mecanismos fisiológicos bem definidos.
Durante o ciclo menstrual, o endométrio se espessa e vasculariza, preparando-se para uma possível gravidez. Quando a fecundação não ocorre, a diminuição hormonal provoca a descamação do endométrio, iniciando a menstruação. Esse processo libera prostaglandinas, que induzem contrações uterinas, podendo resultar em dor intensa, semelhante a uma “angina do útero” devido à falta de oxigenação do tecido.
Fatores de Risco
O principal fator de risco para a dismenorreia primária é a idade, sendo mais comum em adolescentes e mulheres jovens. Outros fatores incluem:
- Menarca precoce: Início da menstruação antes dos 12 anos.
- Índice de massa corporal anormal: Tanto baixo peso quanto obesidade estão associados ao aumento da dismenorreia.
- Menstruação volumosa ou prolongada: Fluxos menstruais intensos estão ligados a maiores níveis de prostaglandinas.
- Ciclos menstruais irregulares: Irregularidades hormonais podem aumentar a dor.
- Tabagismo: Mulheres fumantes relatam cólicas mais intensas.
- Histórico familiar: Mulheres com antecedentes familiares de dismenorreia têm maior risco.
- Nuliparidade: Mulheres que nunca engravidaram tendem a relatar mais cólicas.
Sintomas
A cólica menstrual inicia geralmente algumas horas antes da menstruação, atingindo seu pico nas primeiras 24 a 48 horas, com melhora espontânea em até 72 horas. Caracteriza-se por dor intensa e intermitente na região inferior do abdômen, podendo irradiar para a parte inferior das costas e coxas. Outros sintomas comuns incluem:
- Náuseas e vômitos.
- Diarreia ou fezes amolecidas.
- Tontura e fraqueza.
- Dores de cabeça.
- Sudorese excessiva.
- Cansaço e irritabilidade.
A intensidade da dor não necessariamente indica a gravidade do quadro, mas deve ser avaliada se persistir ou se intensificar.
Tratamento
O tratamento da dismenorreia primária busca aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida. A primeira linha de tratamento são os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), que inibem a produção de prostaglandinas. Quando utilizados no início da dor, podem ter uma taxa de resposta positiva de até 90%.
Entre os AINEs mais utilizados estão:
- Ácido mefenâmico: Frequentemente considerado o mais eficaz.
- Ibuprofeno, naproxeno e cetoprofeno: Alternativas seguras e eficazes.
Se os AINEs não forem eficazes, anticoncepcionais hormonais podem ser uma opção, pois estabilizam os níveis hormonais e reduzem a produção de prostaglandinas.
Tratamentos Não Medicamentosos
Medidas não farmacológicas também são recomendadas, como:
- Uso de bolsa de água quente na região abdominal.
- Exercícios físicos regulares.
- Hidratação adequada e alimentação balanceada.
- Evitar cafeína e excesso de sal.
Perguntas Frequentes
O que é bom para aliviar cólica menstrual forte?
A melhor abordagem inclui AINEs, como ácido mefenâmico e ibuprofeno, junto com medidas como bolsa de água quente e atividade física leve.
Cólica menstrual forte pode ser doença?
Sim, dores intensas que surgem após os 20 anos podem indicar dismenorreia secundária, necessitando de avaliação médica.
É normal sentir cólica antes da menstruação?
Sim, na dismenorreia primária, a dor geralmente começa antes da menstruação e melhora nas primeiras 72 horas.
Por que algumas mulheres sentem cólica menstrual e outras não?
Isso pode ser devido a fatores hormonais, genéticos e de estilo de vida, como tabagismo e menarca precoce.
Fazer sexo alivia a cólica menstrual?
Para algumas mulheres, sim. O orgasmo pode liberar endorfinas e facilitar a expulsão do sangue menstrual.
Quando a cólica menstrual não é normal?
A dor é considerada anormal quando é incapacitante ou surge após anos de menstruação sem dor.
Qual é a diferença entre cólica menstrual e dor da endometriose?
A dor da endometriose tende a ser mais persistente e pode ocorrer fora do período menstrual, enquanto a cólica menstrual geralmente é aliviada com analgésicos.
Referências
- Dysmenorrhea in adult women: Clinical features and diagnosis – UpToDate.
- Dysmenorrhea in adult women: Treatment – UpToDate.
- Primary Dysmenorrhea Consensus Guideline – Society of Obstetricians and Gynaecologists of Canada.
- Diagnosis and Initial Management of Dysmenorrhea – American Family Physician.
- Dysmenorrhea: Painful Periods – American College of Obstetricians and Gynecologists.
- Dysmenorrhea – Medscape.
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