Sociedade Brasileira de Pediatria Classifica Febre em Novos Termos

Atualização da Classificação da Febre pela Sociedade Brasileira de Pediatria

Recentemente, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) revisou sua definição sobre a febre em crianças, trazendo novas diretrizes para a avaliação e manejo desse sintoma comum. A atualização foi fundamentada em pesquisas internacionais e está contida no documento científico intitulado “Abordagem da Febre Aguda em Pediatria e Reflexões sobre a febre nas arboviroses”.

Nova Definição de Febre

Anteriormente, a SBP considerava febre como uma temperatura igual ou superior a 37,8°C. Com a nova atualização, a febre é agora definida como uma temperatura igual ou superior a 37,5°C quando medida na axila, e 38°C quando aferida via oral ou retal, ambas com um tempo mínimo de três minutos de medição.

De acordo com o pediatra Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da SBP e um dos autores da nova diretriz, essa mudança é particularmente relevante para a pesquisa clínica, mas não deve ser utilizada como um parâmetro para a administração de medicamentos ou a necessidade de atendimento de emergência.

A Importância da Febre

A febre é uma resposta natural do organismo a agentes agressores, sejam eles físicos, químicos ou biológicos, como vírus e bactérias. Fernandes ressalta que a febre não deve ser interpretada como um sinal de doença, mas sim como uma indicação de que o corpo está reagindo a uma infecção. “A febre é nossa amiga. Ela trabalha para nos defender. Quando o corpo detecta a invasão de um agente patogênico, a febre é uma das primeiras respostas do sistema imunológico”, explica o médico.

Combatendo a ‘Febrefobia’

Estudos indicam que a febre é o motivo de 20% a 30% das consultas pediátricas. De acordo com a SBP, cerca de 65% das visitas a serviços de emergência e 75% das consultas realizadas por telefone ou WhatsApp têm a febre como principal queixa. Um dos objetivos da nova classificação é combater a chamada “febrefobia”, que é o medo exacerbado que muitos pais têm em relação à febre. Essa ansiedade pode levar a consultas desnecessárias e intervenções médicas que poderiam ser evitadas.

Quando Administrar Antitérmicos?

Com a nova diretriz, não há mais um número fixo que determine quando um antitérmico deve ser administrado. Tadeu Fernando Fernandes enfatiza que a resposta à febre deve ser baseada no estado geral da criança. “Se a criança está com 38,5°C, mas brincando e se divertindo, não há necessidade de interromper sua atividade para administrar um antitérmico. É importante observar o comportamento do filho”, explica.

A recomendação é que os antitérmicos, como paracetamol, dipirona e ibuprofeno, sejam utilizados apenas quando a febre estiver acompanhada de desconforto evidente, como choro intenso, irritabilidade, diminuição da atividade e do apetite, ou distúrbios do sono. É importante evitar o uso de ácido acetilsalicílico (AAS), pois ele pode aumentar o risco de Síndrome de Reye, uma condição rara que afeta o fígado e o cérebro, principalmente em crianças após infecções virais. Os pais também são orientados a não alternar entre diferentes antitérmicos, devido ao risco de superdosagem.

Quando Buscar Atendimento Médico?

Mesmo que a temperatura da criança esteja abaixo de 37°C, alguns sinais exigem atenção médica imediata. Casos que envolvem vômito, diarreia, tosse persistente, dificuldade respiratória ou dor de cabeça intensa devem ser avaliados por um profissional de saúde. Outros sinais de gravidade incluem manchas vermelhas na pele ou rigidez no pescoço. Se a criança aparentar estar quieta, apática ou com comportamento alterado, é essencial levá-la a um serviço de emergência o quanto antes.

Considerações Finais

As diretrizes atualizadas da Sociedade Brasileira de Pediatria visam proporcionar uma melhor compreensão e manejo da febre em crianças, ajudando a minimizar a ansiedade dos pais e a promover um atendimento mais adequado e eficiente. Compreender o papel da febre no processo imunológico pode ser um passo importante para garantir a saúde e o bem-estar das crianças.


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