CFM questiona prescrição de antibióticos por enfermeiros

Prescrição de Antibióticos por Enfermeiros: A Controvérsia com o CFM

A recente atualização no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) pela Anvisa gerou um intenso debate sobre a prescrição de antibióticos por enfermeiros. O Conselho Federal de Medicina (CFM) questiona a legalidade dessa medida, afirmando que ela pode representar riscos significativos à saúde pública e caracterizar um exercício ilegal da medicina.

Contexto da Atualização do SNGPC

A Anvisa, ao permitir que farmácias registrem receitas de antibióticos emitidas por enfermeiros, visava aumentar a rastreabilidade das prescrições e garantir mais transparência. Essa mudança foi impulsionada por demandas do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que defende o reconhecimento da capacidade de prescrição de medicamentos por enfermeiros em determinadas situações, conforme estipulado pela legislação vigente.

Posição do CFM

O CFM expressou preocupação com a decisão da Anvisa, argumentando que a prescrição de medicamentos é uma atividade que envolve diagnóstico clínico, atribuição que a Lei nº 12.842/2013 reserva exclusivamente aos médicos. A entidade ressalta que a permissão para que enfermeiros prescrevam antibióticos pode contribuir para o uso indiscriminado desses medicamentos, exacerbando a resistência bacteriana, um dos principais desafios à saúde global reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Além disso, o CFM critica a suposta ampliação das responsabilidades de uma categoria profissional por parte da Anvisa, a qual, segundo o conselho, não tem a competência legal para determinar atividades que são exclusivas do exercício da medicina. Outro ponto levantado é a falta de mecanismos de fiscalização na nova regra, que poderia resultar em práticas sem controle e restrições adequadas.

Defesa do Cofen

Por outro lado, o Cofen defende que a atualização promovida pela Anvisa regulamenta uma prática já prevista na Lei nº 7.498/86, que rege o exercício da enfermagem. A entidade argumenta que essa medida pode melhorar o acesso a tratamentos em regiões com escassez de médicos, além de fortalecer a atenção primária à saúde. O Cofen acredita que a inclusão das prescrições feitas por enfermeiros no SNGPC possibilita um melhor controle e monitoramento, uma vez que cada receita deve ser registrada com a identificação do profissional responsável.

Consequências da Prescrição de Antibióticos

A discussão sobre a prescrição de antibióticos por enfermeiros não se limita apenas ao aspecto legal, mas também envolve questões éticas e de saúde pública. A resistência bacteriana, alimentada pelo uso inadequado de antibióticos, é uma preocupação crescente em todo o mundo. Essa situação exige uma abordagem cuidadosa e equilibrada sobre quem pode prescrever esses medicamentos e em quais circunstâncias.

Os antibióticos são medicamentos cruciais no tratamento de infecções bacterianas, mas seu uso inadequado pode levar a consequências graves, como a resistência das bactérias a esses medicamentos. Essa resistência não apenas torna os tratamentos menos eficazes, mas também aumenta os custos de saúde e a mortalidade associada a infecções que antes eram tratáveis.

Alternativas e Soluções

Uma possível solução para a controvérsia em torno da prescrição de antibióticos é a implementação de programas de educação e treinamento para enfermeiros, capacitando-os a identificar situações em que a prescrição é apropriada e segura. Além disso, a criação de diretrizes claras e protocolos de colaboração entre médicos e enfermeiros pode ajudar a garantir que as decisões de prescrição sejam baseadas em evidências e melhores práticas de saúde pública.

Outra abordagem poderia incluir a utilização de sistemas de apoio à decisão clínica, que auxiliariam enfermeiros na avaliação da necessidade de antibióticos e na escolha do tipo mais adequado para cada caso. Tais medidas poderiam minimizar o risco de resistência bacteriana e promover um uso mais racional dos antimicrobianos.

Considerações Finais

A controvérsia sobre a prescrição de antibióticos por enfermeiros destaca a necessidade de um diálogo contínuo entre as diferentes categorias profissionais da saúde. É essencial que a regulamentação leve em consideração não apenas os direitos e responsabilidades de cada profissão, mas também a segurança dos pacientes e a saúde pública como um todo. A busca por soluções que respeitem as competências de cada profissional e garantam um atendimento de qualidade deve ser o foco dessa discussão.


Observação Importante: As informações aqui apresentadas não substituem a avaliação ou o acompanhamento profissional. Sempre consulte um médico ou especialista em saúde para orientações personalizadas.