Colestase da Gravidez: Sintomas e Opções de Tratamento

Colestase da Gravidez: Sintomas e Tratamento

A colestase intra-hepática da gravidez, também conhecida como colestase obstétrica, é uma complicação que pode ocorrer no terceiro trimestre da gestação, afetando aproximadamente 1% das mulheres grávidas. Essa condição se caracteriza por uma disfunção na excreção da bile pelo fígado, resultando no acúmulo de ácidos biliares e bilirrubina no sangue materno. A colestase tende a se manifestar tipicamente no terceiro trimestre e pode causar desconforto significativo para a mãe, além de potenciais riscos para o feto.

O que é a Colestase Intra-Hepática da Gravidez?

A colestase obstétrica é uma condição que ocorre exclusivamente durante a gestação e envolve a interrupção do fluxo biliar, levando a um aumento dos ácidos biliares no corpo da mãe. Esse acúmulo pode desencadear sintomas desconfortáveis, como coceira intensa e icterícia, e, em casos mais graves, pode afetar o bem-estar do feto.

Os glóbulos vermelhos do sangue têm uma vida útil de cerca de 120 dias. Após esse período, eles são degradados, principalmente no baço, liberando bilirrubina, um pigmento amarelado. Essa bilirrubina é então transportada para o fígado, onde é convertida em uma forma que pode ser excretada pela bile. O correto funcionamento do fígado é essencial para a digestão e a eliminação de substâncias tóxicas.

Vias Biliares e Colestase

O termo “colestase” refere-se a qualquer condição que cause obstrução ou diminuição do fluxo biliar. Quando a obstrução ocorre dentro do fígado, é chamada de colestase intra-hepática. Esta forma é especificamente relevante durante a gravidez e está ligada a alterações hormonais e predisposição genética, mesmo que a estrutura do fígado da gestante permaneça normal.

Causas da Colestase Intra-Hepática da Gravidez

O mecanismo exato por trás da colestase na gravidez ainda é objeto de estudo. A condição parece resultar de uma interação complexa entre fatores hormonais, genéticos e ambientais que afetam a capacidade do fígado de secretar ácidos biliares durante a gestação.

Hormônios da Gravidez

Os hormônios sexuais femininos, como estrogênio e progesterona, têm um papel crucial no desenvolvimento da colestase obstétrica. Durante a gravidez, especialmente no terceiro trimestre, os níveis desses hormônios aumentam, o que pode interferir na função dos transportadores hepáticos responsáveis pela excreção biliar.

Predisposição Genética

A predisposição genética é um fator importante para o desenvolvimento da colestase. A condição tende a ser mais comum em famílias com histórico de casos semelhantes e apresenta variações de incidência de acordo com a etnia e a geografia. Por exemplo, em algumas populações indígenas, a taxa de colestase pode chegar a 27%.

Fatores Ambientais

Fatores ambientais, como a estação do ano e a exposição à luz solar, também podem influenciar a ocorrência da colestase na gravidez. Estudos sugerem que a doença é mais frequente durante o inverno, possivelmente devido a níveis reduzidos de vitamina D ou alterações sazonais no metabolismo hepático.

Sintomas da Colestase Intra-Hepática da Gravidez

Os sintomas normalmente começam no terceiro trimestre e a coceira intensa nas palmas das mãos e nas plantas dos pés é o sinal mais característico. Inicialmente, a coceira pode ser localizada, mas tende a se espalhar pelo corpo, afetando a qualidade de vida da gestante.

Sintomas Sistêmicos

Além da coceira, outros sintomas podem surgir, incluindo:

  • Icterícia (coloração amarelada da pele e mucosas)
  • Urina escura
  • Fezes claras
  • Dores abdominais
  • Náuseas e perda de apetite
  • Sangramentos anormais em casos mais graves

Complicações Associadas à Colestase Intra-Hepática da Gravidez

Embora a colestase seja geralmente benigna para a mãe, pode apresentar riscos significativos para o feto. As complicações podem incluir parto prematuro e morte fetal intrauterina, especialmente quando os níveis de ácidos biliares estão elevados. O manejo cuidadoso da condição é essencial para minimizar esses riscos.

Diagnóstico da Colestase Intra-Hepática da Gravidez

O diagnóstico é feito com base em avaliação clínica e exames laboratoriais, sendo a dosagem de ácidos biliares totais no sangue o teste mais importante. Níveis acima de 10 µmol/L indicam colestase, com a gravidade aumentando conforme os níveis sobem.

Tratamento da Colestase Obstétrica

O tratamento tem como objetivos aliviar os sintomas e reduzir os riscos para o feto. O ácido ursodesoxicólico é a principal medicação utilizada, ajudando a restaurar o fluxo biliar e a aliviar a coceira.

A suplementação de vitamina K pode ser indicada em casos de esteatorreia ou alterações na coagulação. Além disso, a indução do parto é frequentemente recomendada entre 36 e 37 semanas, especialmente em casos de colestase grave.

Monitoramento e Acompanhamento

O acompanhamento regular durante a gestação é crucial, incluindo a dosagem de ácidos biliares, ultrassonografias fetais e avaliações da função hepática. A detecção precoce e o manejo adequado são fundamentais para garantir a saúde da mãe e do bebê.

Referências incluem estudos sobre os resultados maternos e fetais associados à colestase intra-hepática da gravidez e diretrizes de sociedades médicas sobre o manejo da condição.


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