Dieta e Risco de Câncer Como Alimentos Influenciam sua Saúde

Relação entre dieta e risco de câncer

Compreender as relações entre diferentes tipos de alimentos e dietas com o surgimento de tumores é crucial para a prevenção do câncer. A cada ano, aproximadamente 13 milhões de novos casos de câncer são diagnosticados, resultando em cerca de 8 milhões de mortes em todo o mundo. Muitos desses casos são, infelizmente, atribuídos a tumores que poderiam ser prevenidos.

A prevenção das mortes por câncer pode ser alcançada por meio do diagnóstico precoce dos tumores, permitindo intervenções antes que o câncer se desenvolva, ou através de mudanças em hábitos de vida e fatores ambientais que aumentam o risco, como o tabagismo, a má alimentação e a exposição excessiva ao sol. Estima-se que cerca de 50% dos cânceres podem ser prevenidos, e estudos observacionais têm revelado que até um terço das mortes por câncer estão relacionadas a fatores de risco modificáveis, incluindo:

  • Tabagismo.
  • Consumo excessivo de álcool.
  • Dieta rica em carnes vermelhas e gorduras.
  • Excesso de peso.
  • Sedentarismo.
  • Relacionamentos sexuais desprotegidos.
  • Poluição do ar urbano.
  • Exposição à combustão de combustíveis sólidos, como madeira e carvão.
  • Exposição solar excessiva.

Este artigo aborda especificamente os fatores de risco relacionados à alimentação e as medidas cientificamente comprovadas para reduzir a ocorrência de tumores malignos.

Relação entre dieta e câncer

A correlação entre dieta e câncer tem sido extensivamente estudada, mas os resultados são frequentemente inconclusivos, gerando divergências entre diferentes pesquisas. O consenso atual indica que uma dieta equilibrada, com baixo teor de gordura e rica em fibras, frutas e vegetais, pode reduzir o risco de vários tipos de câncer. No entanto, o impacto real dessas dietas parece ser menos significativo do que se pensava anteriormente.

Além disso, não foi possível identificar um único alimento dentro da chamada “dieta saudável” que exerça um efeito protetor claro. A manutenção de um peso ideal é considerada mais relevante do que a busca por alimentos específicos que possam prevenir o câncer. Muitas informações distorcidas circulam sobre os efeitos de certos alimentos na incidência do câncer, muitas vezes devido à dificuldade em interpretar estudos científicos. É comum que pesquisas com falhas sejam consideradas válidas, resultando em conclusões errôneas que não podem ser replicadas.

Gorduras

Embora dietas ricas em gorduras estejam associadas a doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e hipertensão, sua relação direta com o câncer permanece indefinida. A obesidade é um fator de risco conhecido para vários tipos de câncer, tornando indiretamente uma dieta rica em gordura um fator de risco. No entanto, ao controlar o fator obesidade, os estudos não conseguiram estabelecer uma relação direta entre o consumo de gordura e o câncer, exceto no caso do câncer de próstata.

Enquanto a quantidade total de gordura não parece afetar significativamente o risco de câncer, ainda existem incertezas sobre como diferentes tipos de gordura (saturada, insaturada ou trans) podem influenciar o risco. O consumo de ômega-3, uma gordura saudável encontrada em peixes e óleos vegetais, é popular devido ao seu efeito protetor cardiovascular, mas estudos recentes não demonstraram proteção contra diversos tipos de câncer.

Carnes vermelhas

A carne vermelha é um dos poucos alimentos que demonstraram uma conexão clara com o câncer. O consumo frequente de carne vermelha, como carne bovina e suína, está associado a um aumento no risco de câncer de cólon e reto. Carnes processadas, como salsichas e bacon, também estão ligadas a um maior risco. Estudos mostram que indivíduos que consomem carne vermelha regularmente têm até 50% mais chances de desenvolver câncer em comparação com aqueles que consomem mais carnes brancas.

O consenso atual sugere que a dieta deve incluir mais carnes brancas do que vermelhas para a prevenção do câncer.

Vegetais

Embora o consumo elevado de frutas e vegetais tenha sido historicamente associado à redução do risco de câncer, pesquisas recentes apresentam resultados menos consistentes. Há evidências de que essa proteção é fraca, especialmente quando comparando indivíduos com alta ingestão de frutas e vegetais com aqueles que têm consumo quase nulo. No entanto, a relação entre o consumo de tomate e a redução do risco de câncer de próstata apresenta evidências mais robustas.

O consumo de soja também foi associado a uma diminuição do risco de câncer de mama em mulheres asiáticas, embora estudos em populações ocidentais não tenham mostrado resultados conclusivos, devido às diferenças nos níveis de consumo.

Laticínios

Estudos sugerem que a ingestão de laticínios com baixo teor de gordura pode oferecer proteção contra o câncer de mama, especialmente em mulheres em idade fértil. No entanto, análises em mulheres após a menopausa não encontraram o mesmo efeito, indicando que a proteção pode ser restrita a um grupo específico.

Fibras

A ingestão regular de fibras está associada à redução do risco de doenças cardiovasculares e diabetes, mas a relação com o câncer ainda é incerta. Embora o consumo de fibras tenha sido promovido como preventivo para o câncer de cólon, evidências conclusivas ainda são necessárias.

Vitaminas e minerais

O uso de suplementos de vitaminas e minerais para a prevenção do câncer tem mostrado resultados decepcionantes. A maioria dos grandes estudos não encontrou evidências de efeito protetor significativo. Exceções foram observadas com o cálcio, que pode ter um efeito preventivo em quantidades moderadas, mas em excesso, pode aumentar o risco de câncer de próstata.

Álcool

O consumo regular de álcool está associado a um aumento no risco de vários tipos de câncer. Estudos demonstraram que mesmo uma pequena quantidade de álcool diariamente pode aumentar o risco de cânceres do trato digestivo e mama. Curiosamente, o consumo moderado tem sido relacionado a um risco reduzido de câncer renal.

Referências

  • Cancer Causes and Prevention – Diet – National Cancer Institute.
  • Nutrition and cancer: A review of the evidence for an anti-cancer diet – Nutrition journal.
  • Effects of Diet and Physical Activity on Risks for Certain Cancers – American Cancer Society.

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