Prevenção de Doenças Renais: Uma Preocupação Crescente.
Gianna Mastroianni Kirsztajn*
Dados provenientes da América Latina revelam um aumento importante no que se refere a obesidade e diabetes do tipo 2 ao longo dos últimos cinco anos. Aumentos similares na incidência e prevalência do diabetes do tipo 2 foram constatados em indígenas norte-americanos e aborígenes australianos e na população da Índia 7.
Na Austrália, informações provenientes de registros mostram aumentos nas freqüências de diabetes do tipo 2, obesidade e DRC similares aos que vêm sendo observados nos Estados Unidos e também no Canadá. O Australian Diabetes, Obesity and Lifestyle Study, que é um estudo de âmbito nacional voltado para a comunidade, envolvendo 11247 adultos, mostrou que até 16% dos indivíduos testados tinham anormalidades renais, com cerca de 7% deles apresentando microalbuminúria7.
Na Holanda, o estudo Groningen Prevention of Renal and Vascular End-Stage Disease revelou uma prevalência de microalbuminúria de 7% na população geral, associada a um risco cardiovascular aumentado8.
A prevalência da DRC na comunidade foi amplamente subestimada no passado; mas, pesquisas recentes e estudos populacionais têm revelado que a prevalência da DRC na comunidade é elevada. Nos Estados Unidos, estima-se que aproximadamente 11% da população, o que corresponde a 19 milhões de pessoas, padeçam de DRC em algum estágio de evolução; essa cifra impressionante foi obtida a partir dos resultados do Third National Health and Nutrition Examination Survey. Cerca de 8 milhões desses indivíduos têm taxa de filtração glomerular inferior a 60 ml/min 7. O fato é que a maior parte desses indivíduos não chega a desenvolver insuficiência renal crônica terminal, pois vêm a morrer das complicações cardiovasculares antes de progredirem para o estágio terminal da doença renal.
A prevalência da insuficiência renal crônica terminal vem crescendo na maioria dos países, sendo maior do que 2000 pmh no Japão, em torno de 1500 pmh nos Estados Unidos e cerca de 800 pmh na União Européia. Nos países em desenvolvimento, os números variam de menos de 100 pmh em algumas regiões da África e Índia a cerca de 400 pmh na América Latina. Acredita-se que a prevalência é em grande parte o reflexo da sobrevivência alcançada com a TSR, que está relacionada aos gastos com saúde e com o poder econômico 9.
Outro aspecto interessante diz respeito à incidência de insuficiência renal crônica terminal em diferentes localidades. A incidência anual de insuficiência renal crônica terminal no Reino Unido encontra-se em torno de 100 pmh; apesar de ter dobrado ao longo da última década, esta incidência está bem abaixo da média européia, que é de aproximadamente 135 pmh 10, e daquela dos Estados Unidos, que é de 336 pmh11.