Prevenção de Doenças Renais: Uma Preocupação Crescente.
Gianna Mastroianni Kirsztajn*
Neste ponto, é importante lembrar que as taxas de incidência de insuficiência renal crônica terminal relatadas em diferentes países são muitas vezes discrepantes (como visto aqui), mesmo quando considerados apenas os países desenvolvidos, mas é possível que isso se deva à diversidade racial e étnica sabidamente existente. Só para exemplificar tal diversidade, nos Estados Unidos, a incidência anual é de 256 pmh para os caucasianos e passa para 982 pmh quando avaliados apenas os afro-americanos 11. Na Austrália, a incidência na população branca é de 94 pmh, mas a incidência em aborígenes é de 420 pmh 12.
Como citado anteriormente, outro fator considerado relevante para o aumento da insuficiência renal crônica terminal em todo o mundo, além do crescimento exponencial do diabetes do tipo 2, é o envelhecimento da população nos países desenvolvidos. A incidência da doença em idosos (aqui considerados os indivíduos com mais de 65 anos) no Reino Unido é superior a 350 pmh 10 e, nos Estados Unidos, a 1200 pmh 11.
O Custo
Mais de um milhão de pessoas morrem anualmente em todo o mundo devido a insuficiência renal crônica terminal 10.
Há relatos de que, em países de baixa renda, a terapia renal de substituição não está disponível para mais de 95% de todos os pacientes que desenvolvem insuficiência renal crônica terminal, devido ao seu elevado custo. Na Índia, por exemplo, menos de 5% dos pacientes que desenvolvem insuficiência renal crônica terminal podem ser submetidos a algum tipo de TSR e, entre os que podem fazê-lo, a maior parte abandona o tratamento dentro de 6 meses 12.
Hoje em dia, existem mais de 177 milhões de pessoas com diabetes em todo o mundo 13. Em 2030, esse número deve chegar a 360 milhões de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde. Se essas previsões se confirmarem, o número de indivíduos com acometimento renal será expressivo, tendo-se em mente que pelo menos uma em cada três pessoas com diabetes irá desenvolver DRC1.
De fato, se as tendências atuais forem mantidas, já em 2010 o número de pacientes com insuficiência renal crônica terminal será superior a 2 milhões e o tratamento desta população excederá 1 trilhão de dólares5.
Por fim, considerando-se que o custo de tratar os pacientes com insuficiência renal crônica terminal é muito alto, é incerto se, futuramente, será possível arcar com o ônus desse tratamento. Poucos países parecem capazes de fazê-lo quando se consideram as tendências atuais de crescimento. Até para os países industrializados, a TRS provavelmente será de difícil manutenção num futuro não muito distante 5