Linfedema: Desvendando uma Condição Desafiadora
Aos 11 anos, a cabeleireira Diojane Bentas começou a experimentar um inchaço e uma leve rigidez na perna esquerda, sem dor ou outros sintomas associados. Sua jornada de diagnóstico foi longa e desafiadora, levando quatro anos para que a condição fosse identificada. Durante esse período, Diojane visitou diversos médicos em sua cidade natal, Capinzal, em Santa Catarina, e na capital, Florianópolis. O inchaço persistiu e aumentou, deixando a jovem sem respostas definitivas.
Enquanto aguardava um diagnóstico, Diojane passou por uma série de exames laboratoriais e de imagem e foi submetida a cirurgias, além de ter que interromper atividades como educação física. Em várias ocasiões, foi informada de que a única solução seria amputar sua perna ou que poderia ter um tumor. A reviravolta aconteceu quando, aos 14 anos, sua família a levou a um hospital especializado em São Paulo, onde um médico finalmente diagnosticou o que ela realmente tinha: linfedema. O médico alertou que a doença não tinha cura e que poderia piorar sem os devidos cuidados.
Após o diagnóstico, Diojane enfrentou novos desafios, como o receio de não conseguir engravidar, um sonho que ela sempre teve. No entanto, aos 18 anos, ela tomou a decisão de ter um filho, sob a orientação de um especialista que a alertou sobre a possibilidade de agravamento da condição ao longo do tempo. Durante a gravidez, ela conseguiu controlar o edema através de drenagens linfáticas diárias, repouso e medicamentos para melhorar a circulação sanguínea. Entretanto, após o parto, sua saúde piorou consideravelmente.
Diante da piora, Diojane decidiu interromper o acompanhamento médico e negligenciou seus cuidados de saúde, limitando-se a usar apenas meia de compressão. Sem supervisão adequada, o linfedema avançou de forma alarmante, a ponto de seu membro afetado triplicar de tamanho, dificultando até mesmo a mobilidade. Aos 31 anos, uma forte dor ao acordar a levou a um hospital, onde foi internada e diagnosticada com uma infecção generalizada, resultado de uma bactéria que se espalhou pela área afetada. Ela foi desenganada pelos médicos, mas, surpreendentemente, recebeu alta após um mês.
Diojane continuou a negligenciar o tratamento até que, um ano depois, enfrentou uma nova crise que a levou novamente ao hospital. Essa experiência a fez perceber a gravidade de sua condição e a necessidade de cuidados regulares. Através de um primo distante que também sofria de linfedema, ela conheceu uma fisioterapeuta especializada em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Viajar até lá foi um passo crucial, pois ela aprendeu uma técnica considerada referência no tratamento de linfedema: o enfaixamento compressivo multicamadas.
Desde então, Diojane adotou um protocolo rigoroso de tratamento, que incluía o uso de bandagens quase 24 horas por dia, drenagem mecânica diária com bota pneumática, drenagem manual semanal e a prática de musculação. Com esses cuidados, ela observou uma redução significativa no volume de sua perna. A transformação foi tão impactante que ela sentiu que sua vida havia mudado completamente, permitindo-lhe até voltar a usar saias, algo que não fazia desde os 15 anos.
Atualmente, Diojane utiliza suas redes sociais para compartilhar sua rotina e aumentar a conscientização sobre o linfedema. Ela planeja realizar uma lipoaspiração na perna afetada e criou um grupo no Telegram para conectar pessoas que vivem com a condição. O grupo já conta com mais de 100 participantes que se reúnem mensalmente em videoconferências com a fisioterapeuta que a acompanha, que oferece orientação e responde a dúvidas.
“Meu objetivo é aumentar o conhecimento sobre o linfedema. Muitas pessoas têm a doença há mais de 40 anos e nunca souberam que existe tratamento. Até mesmo médicos podem não conhecer adequadamente a condição. Recebo mensagens diariamente de pessoas que começam a se cuidar após assistirem aos meus vídeos,” comentou ela.
O que é Linfedema?
O linfedema é uma condição resultante do acúmulo anormal de líquido linfático nos tecidos, levando ao inchaço, geralmente nos membros inferiores ou superiores. Essa condição é mais comum em mulheres, especialmente aquelas que passaram por intervenções cirúrgicas ou tratamentos relacionados ao câncer de mama, como a remoção de linfonodos ou radioterapia. Fatores hormonais e anatômicos também desempenham um papel importante, tornando as mulheres mais suscetíveis ao linfedema. Em algumas situações, a condição pode ter um componente genético.
É comum que o linfedema seja confundido com o lipedema, que está relacionado a depósitos de gordura. Em certos casos, as duas condições podem ocorrer simultaneamente, dificultando o diagnóstico e tratamento adequado. Os principais sinais do linfedema incluem sensação de peso ou desconforto, rigidez da pele e aumento do volume do membro afetado. A presença de acessórios, como anéis ou relógios, que começam a apertar, pode ser um sinal adicional. Ao notar qualquer um desses sintomas, é essencial procurar um médico para um diagnóstico precoce.
Embora não haja cura para o linfedema, a condição pode ser controlada por meio de um tratamento multidisciplinar que inclui drenagem linfática manual, uso de meias ou bandagens compressivas, fisioterapia específica e cuidados com a pele. Em casos mais severos, procedimentos cirúrgicos, como anastomose linfovenosa ou transplante de linfonodos, podem ser necessários. Além dos aspectos físicos, o linfedema pode afetar a saúde emocional dos pacientes, limitando seus movimentos, dificultando atividades diárias e impactando a autoestima, tornando o acompanhamento psicológico uma parte importante do tratamento.
Você já conhecia o linfedema?
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