Nove em Cada Dez Medicamentos Serão Feitos no Brasil

Nove em Cada Dez Medicamentos Serão Produzidos no Brasil

Projeção do Setor Farmacêutico Nacional até 2030

Até o ano de 2030, a previsão é que 9 de cada 10 medicamentos disponíveis no Brasil sejam fabricados internamente. Essa expectativa é um reflexo do crescimento contínuo da indústria farmacêutica nacional, que, no primeiro semestre de 2025, já havia demonstrado uma expansão considerável em termos de volume e faturamento.

Crescimento do Volume e Faturamento da Indústria

No primeiro semestre de 2025, a indústria farmacêutica brasileira atingiu a impressionante marca de 5,7 bilhões de unidades vendidas, o que representa um aumento de 5% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este número é ainda mais significativo se comparado a 2021, quando foram comercializadas 4,8 bilhões de unidades, resultando em um crescimento acumulado de 19%. Essas informações foram divulgadas pela Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (ALANAC) e compiladas a partir de dados do IQVIA e do Ministério da Saúde.

Desde o início dos anos 2000, a produção da indústria farmacêutica no Brasil quase dobrou, alinhando-se ao crescimento do número de registros de medicamentos na Anvisa, que superou a marca de 17 mil em 2025. Essa evolução é um indicativo da maturidade regulatória do setor, bem como da diversificação do portfólio de terapias e da habilidade de adaptação às necessidades do sistema de saúde brasileiro.

Desempenho em Comparação com o Crescimento Populacional

O desempenho da indústria farmacêutica nacional não apenas acompanhou, mas superou o crescimento populacional. Entre 2000 e 2025, as vendas de medicamentos em termos de unidades aumentaram em 180%, enquanto a população brasileira cresceu cerca de 29%, passando de 170 milhões para 218,6 milhões de habitantes. Atualmente, 8 em cada 10 medicamentos vendidos no Brasil são fabricados por empresas nacionais, um cenário que há 25 anos era equilibrado entre indústrias nacionais e multinacionais.

Produção de Medicamentos Genéricos e Similares

A produção de medicamentos genéricos e similares tem mostrado um crescimento constante, consolidando sua importância no mercado interno. Segundo a ALANAC, em 2025, os laboratórios brasileiros venderam 4,4 bilhões de unidades de genéricos, correspondendo a 77,9% do total comercializado. O número de genéricos fabricados no Brasil aumentou de 1,9 bilhão de unidades em 2024 para 2 bilhões em 2025, representando 36,8% do volume total. Os medicamentos similares também tiveram um crescimento, passando de 2 bilhões para 2,1 bilhões de unidades.

Aumento em Valores de Mercado

Em termos financeiros, o setor farmacêutico movimentou R$ 138,3 bilhões no primeiro semestre de 2025, o que representa um crescimento de 11,5% em comparação aos R$ 124 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Esse crescimento é fruto de uma combinação entre o aumento do volume de unidades vendidas e as atualizações de preços. Os laboratórios nacionais foram responsáveis por R$ 80,2 bilhões, o que corresponde a 57,9% do mercado total.

Evolução de 2021 a 2025

Uma análise mais detalhada dos dados da ALANAC mostra que, nos últimos cinco anos, o mercado total de medicamentos saltou de 4,8 bilhões de unidades em junho de 2021 para 5,7 bilhões em junho de 2025. Em termos financeiros, o movimento total do mercado cresceu de R$ 85,1 bilhões para R$ 138,3 bilhões, apresentando uma expansão superior a 60% nesse período. Os laboratórios nacionais também mostraram um aumento significativo, subindo de R$ 50,8 bilhões para R$ 80,2 bilhões.

Contribuição dos Laboratórios Nacionais

Os genéricos nacionais, em particular, demonstraram um crescimento robusto, mais do que dobrando sua contribuição de R$ 11,1 bilhões em 2021 para R$ 19,3 bilhões em 2025. Essa evolução destaca a competitividade dos preços e a importância desses medicamentos para o acesso à saúde da população.

Impacto no Acesso a Medicamentos e Saúde Pública

Os medicamentos genéricos e similares desempenham um papel fundamental no abastecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), no varejo e em programas governamentais, sendo responsáveis por 74% das unidades vendidas. O impacto na saúde pública é significativo, pois pacientes com doenças crônicas agora têm acesso a alternativas nacionais de qualidade a preços acessíveis.

Histórico e Futuro da Indústria Farmacêutica Nacional

No ano 2000, os laboratórios nacionais contavam com menos de 5 mil registros na Anvisa e uma participação limitada no mercado. O marco legal dos genéricos, implementado em 1999, foi crucial para o fortalecimento do setor. Em 2025, com mais de 17 mil registros, os laboratórios nacionais representam quase 80% das vendas. A expectativa é que, até 2030, cerca de 1,5 mil patentes de medicamentos venham a vencer, o que pode ser um ponto de inflexão para a indústria. Com a introdução desses novos produtos, projeta-se que 9 em cada 10 medicamentos comercializados no Brasil sejam de origem nacional.

Essa mudança não só fortalecerá o abastecimento de medicamentos essenciais, mas também representará desafios em termos de acesso, qualidade e inovação. O presidente da ALANAC ressalta que o crescimento da indústria farmacêutica brasileira reflete uma produção robusta e um compromisso com a inovação, fatores fundamentais para garantir a saúde e o bem-estar da população.


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