Pacientes Oncológicos Têm Risco Cardíaco Aumentado em 40%

Pacientes Oncológicos e Risco Cardiológico Aumentado

Pacientes que recebem tratamento oncológico apresentam um risco significativamente elevado de desenvolver complicações cardiovasculares, com um aumento estimado de 30% a 40% nas chances de problemas cardíacos. Isso inclui condições sérias como insuficiência cardíaca e eventos coronarianos, conforme revelado em um estudo de coorte dinamarquês publicado nas revistas do JACC Journals. A pesquisa acompanhou mais de 91 mil pacientes ao longo de cinco anos e identificou também uma maior incidência de tromboembolismo venoso, pericardite, endocardite, miocardite e falência renal.

Crescimento da Sobrevida ao Câncer

Nas últimas décadas, a taxa de sobrevida entre pacientes com câncer tem apresentado um crescimento constante. Um artigo publicado no The New England Journal of Medicine aponta que, até 2040, a expectativa é de que aproximadamente 21 milhões de pessoas em todo o mundo sejam sobreviventes da doença. O avanço das terapias oncológicas, que incluem quimioterapia, radioterapia, terapias-alvo e imunoterapias, tem contribuído significativamente para esse aumento na sobrevida. Contudo, essas terapias estão associadas a efeitos tardios, sendo a cardiotoxicidade uma das preocupações mais relevantes.

A Importância do Acompanhamento Cardiovascular

Segundo especialistas em cardio-oncologia, o acompanhamento das condições de saúde dos pacientes oncológicos não deve se restringir ao período de tratamento do câncer. É essencial realizar um monitoramento contínuo da saúde cardiovascular, através de exames periódicos e a adoção de medidas preventivas. Gustavo Duque, especialista na área, destaca que a saúde do coração dos pacientes deve ser uma prioridade durante e após o tratamento oncológico.

Variação de Risco Segundo Tipo de Câncer

O estudo também indicou que o risco de complicações cardiovasculares varia de acordo com o tipo de câncer e o tratamento realizado. Por exemplo, pacientes com câncer de pulmão demonstraram um risco aumentado de doenças coronarianas, enquanto aqueles com neoplasias hematológicas apresentaram maior incidência de arritmias e insuficiência cardíaca. Esses dados são alarmantes, especialmente considerando que mais de 20 milhões de brasileiros convivem com arritmias cardíacas, conforme a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac).

Necessidade de Protocolos de Acompanhamento

A crescente população de pacientes que passaram por tratamento oncológico ressalta a necessidade urgente de protocolos de acompanhamento padronizados. Isso inclui o rastreamento precoce de insuficiência cardíaca e doenças coronarianas, que são essenciais para a prevenção de complicações cardíacas em longo prazo. É imperativo que os sistemas de saúde integrem cuidados oncológicos com a saúde cardiovascular, a fim de garantir uma abordagem holística no tratamento dos pacientes.

Saúde Cardiovascular no Contexto do Outubro Rosa

No contexto do Outubro Rosa, a conscientização sobre a saúde cardiovascular deve ser parte integrante do cuidado global dos pacientes oncológicos. Iniciativas que promovem o monitoramento contínuo da saúde do coração, juntamente com a adoção de hábitos de vida saudáveis, são fundamentais para mitigar riscos cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.

Manter um estilo de vida saudável, que inclua uma dieta equilibrada, atividade física regular e controle do estresse, pode trazer benefícios significativos. O trabalho conjunto entre oncologistas e cardiologistas é vital para garantir que os pacientes oncológicos recebam um acompanhamento completo, abordando não apenas a doença oncológica, mas também a saúde do coração.

Conclusão

O aumento do risco cardiovascular em pacientes oncológicos é uma questão que deve ser levada a sério, e o acompanhamento contínuo é crucial para garantir a saúde a longo prazo desses pacientes. A integração de cuidados e a conscientização sobre a importância da saúde cardiovascular são passos fundamentais para melhorar a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes após o tratamento do câncer.


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