Sociedade Brasileira de Diabetes Altera Idade de Rastreio para Diabetes Tipo 2
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) anunciou uma importante mudança nas diretrizes para o rastreio do diabetes tipo 2, uma condição crônica caracterizada pela resistência à insulina e/ou pela produção insuficiente deste hormônio pelo pâncreas, resultando em níveis elevados de glicose no sangue. A nova recomendação reduz a idade inicial de rastreio de 45 para 35 anos, com o objetivo de prevenir o aumento de casos ao longo da vida adulta.
Estima-se que cerca de 45% dos adultos afetados por diabetes tipo 2 não têm conhecimento de sua condição. A triagem precoce é fundamental, uma vez que previne complicações graves, como cegueira, insuficiência renal e amputações de membros. A professora Maria Elizabeth Rossi, endocrinologista e chefe do Laboratório de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da USP, enfatiza que a diabetes tipo 2 é uma alteração que se desenvolve ao longo do tempo, associada não apenas ao envelhecimento, mas também a fatores de estilo de vida.
Motivos para a Mudança nas Diretrizes
Segundo a professora Rossi, a mudança na idade de rastreio reflete a realidade do estilo de vida atual, onde a maioria da população apresenta hábitos sedentários e uma dieta rica em calorias, gorduras e alimentos ultraprocessados. Além disso, o estresse relacionado ao trabalho contribui para a produção excessiva de hormônios como catecolamina e cortisol, que dificultam a ação da insulina.
A alteração das diretrizes também se justifica pelo aumento significativo do risco de diabetes na população mundial e brasileira. Em anos recentes, observou-se quase um dobramento desse risco, o que torna imprescindível um diagnóstico mais precoce.
Como é Realizado o Rastreio
O rastreio para diabetes tipo 2 deve ser realizado em todos os adultos a partir de 35 anos. Para aqueles com menos de 35 anos, o rastreio é indicado se houver histórico familiar de diabetes, doenças cardiovasculares ou alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos. O processo de rastreio é simples e envolve a realização de um exame de sangue, que fornece informações cruciais sobre a condição do paciente.
Além disso, a SBD disponibiliza um questionário online de avaliação de riscos para diabetes tipo 2, que inclui perguntas sobre peso, hábitos alimentares e níveis de atividade física. A partir das respostas, é possível obter um panorama que pode auxiliar na busca por um diagnóstico mais preciso e na definição de um tratamento adequado.
Consequências da Diabetes Tipo 2
A diabetes tipo 2 é provocada pela elevação dos níveis de glicose no sangue e suas complicações estão diretamente relacionadas aos efeitos dessa glicose elevada nos vasos sanguíneos. As complicações incluem lesões em pequenos e grandes vasos sanguíneos. Quando os pequenos vasos são afetados, podem ocorrer alterações oculares que levam à cegueira, além de comprometimentos na circulação renal, que podem resultar em insuficiência renal e na necessidade de hemodiálise ou transplante.
O comprometimento das grandes artérias pode provocar acidentes vasculares cerebrais (AVC), infartos do miocárdio e disfunções cardíacas. Além disso, a obstrução das artérias dos membros inferiores pode aumentar o risco de lesões e amputações.
Outro problema associado à diabetes tipo 2 é a neuropatia diabética, que causa alterações de sensibilidade nos membros, resultando em sensações de pressão, formigamento ou dor. A hiperglicemia também prejudica a imunidade, tornando o paciente mais suscetível a infecções, que podem ser mais graves e difíceis de tratar.
Recomendações da Nova Diretriz
A nova diretriz da SBD recomenda que pessoas acima de 35 anos realizem avaliações regulares, incluindo o teste de tolerância à glicose, a medição da glicemia em jejum e a hemoglobina glicada. Essas avaliações são essenciais para determinar se o indivíduo já apresenta diabetes ou um quadro de pré-diabetes.
Caso sejam identificadas alterações, recomenda-se um rastreio anual e a imediata iniciação de tratamento. Para aqueles diagnosticados com pré-diabetes, é crucial enfatizar a importância da atividade física e do controle de peso, que se mostram mais eficazes do que a introdução de medicamentos. Essas mudanças de estilo de vida podem reverter ou prevenir a progressão da diabetes em até 58% dos casos, ressaltando que manter um peso adequado e realizar atividades físicas regulares são fundamentais para o tratamento e a prevenção da doença.
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